Fala, fera. Beleza? A cerimônia do Oscar ocorreu no fim do mês passado e desta vez um filme não tão convencional foi eleito pela academia como o melhor do ano. Quando classifico Nomadland como não convencional, estou estabelecendo uma comparação com os títulos que foram eleitos nos últimos anos e que são bem diferentes do que a diretora Chloé Zhao traz para tela – a história contada em Nomadland é um convite à reflexão e a um mergulho interno que pode ser muito válido principalmente considerando o momento atual. Eu assisti a esta obra e confesso que me impressionou bastante a maneira como a história foi contada e a partir daí, busquei os ensinamentos que podemos internalizar diante daquelas histórias que são representadas de forma tão pessoal. Por isso, hoje quero compartilhar com você um pouco da minha visão sobre Nomadland e com isso, inspirar para que assista e se possível, entre em contato com questões mais profundas. Bora conferir?

Tema

O filme acompanha a história de Fern, que após a perda de seu marido, passa a viver dentro de um trailer nas estradas da região Oeste dos Estados Unidos. A partir deste episódio trágico, ela passa a entrar em contato com sentimentos mais profundos e começa suas descobertas pessoais – a partir desta busca,  nós, espectadores, passamos a acompanhar seus encontros pela estrada e as formas tão peculiares que ela e seus companheiros passam a viver e se organizar a cada parada. 

Ao observar aquela dinâmica, podemos nos deparar com toda sutileza e improvisação que muitas vezes, parece que perdemos e/ou deixamos guardada num lugar tão distante, dentro de nós. É um verdadeiro convite a uma revisão interna e à percepção das inúmeras possibilidades que temos de coexistir.

Fotografia e cenário

Fera, estes são destaques que merecem ser mencionados quando falamos sobre Nomadland – você, assim como eu, irá ficar deslumbrado com a forma que estes elementos são utilizados durante o filme.  As cenas são realizadas muitas vezes à luz do dia e em externas (lembre-se que estamos falando sobre nômades modernos, ou seja, não tem ‘casas convencionais’) o que permite a utilização das tonalidades como mais um elemento cênico, contribuindo para contar o enredo de forma mais poética e sensível, transcendendo a cena e a estética convencional da película, conectando ainda mais o espectador e fazendo com que ele se torne parte da cena, ficando até mais íntimo dos atores e consequentemente, da história contada. Baita visual e uma experiência cinematográfica memorável!

Atuação

Fera, como já havia adiantado no post sobre os indicados ao Oscar, Nomadland conta com não-atores contracenando com Frances McDormand e isto significa que vemos nas cenas pessoas que realmente são nômades, vivem aquela realidade e estão interpretando a própria história(isso mesmo!). Imagina a emoção que é poder contar sua própria vida para milhões de pessoas e ainda lançar luz sobre um tema tão complexo como a questão do direito à moradia? Acredite, são questões antropológicas como esta que podemos nos deparar ao assistir Nomadland. Prepare-se para transbordar de emoção!

Mensagem Residual

Fera, sempre que nos deparamos com um filme como este cujo tema central e linguagem fogem do conteúdo convencionalmente utilizado pela indústria do cinema estadunidense com “seus discursos eufóricos e cenários megalomaníacos”, somos convidados a experimentar uma certa mistura de sentimentos bastante comum para quem consome produções europeias: tomamos contato com poucos diálogos, silêncios, olhares, cenários que contam o enredo, além de ter a estranha ideia de que estamos assistindo a uma história verdadeira e sem tantos ajustes. De fato, é esta sensação que Nomadland me trouxe e é a partir dela que podemos contemplar a mensagem de força, resiliência e amor contidas naqueles quase cento e vinte minutos de um retrato tão vívido e natural que quase nos esquecemos que ele terá fim, porque de certa forma ainda estará em nós quando os créditos aparecerem. Permita-se!

Fera, se após esta leitura você decidiu assistir a este filme, fique feliz: ele entrou em cartaz no começo do mês. Então, assim que possível, assista e volte pra comentar do que gostou, combinado? 

Ah, continuando esse rolê mais intelectual, aproveite e siga esta Dica de Leitura Nerd: Sapiens, Uma Breve História da Humanidade. Até a próxima! 

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